É de extrema importância o trabalho com os gêneros em sala de
aula na disciplina de Língua Portuguesa, porque é através
do conhecimento da forma e conteúdo dos gêneros que o aluno construirá seu
conhecimento sobre os textos, suas funções, seu efeito de sentido, tanto na escola quanto no seu dia a dia. O
trabalho com gêneros textuais é capaz de formar um leitor com consciência
cidadã, por isso a sociedade espera que a escola, sendo uma instituição
legalmente responsável por ensinar, garanta a formação dos alunos para que os
mesmos enfrentem, com sucesso, os desafios que a sociedade lhes impõe.
Os gêneros são processos do discurso dinâmicos que se
estabilizaram historicamente pela sua circulação em sociedade, mas deve-se ter
consciência de que toda a tipologia do discurso, que se reduza a identificar
formas, tipos de textos ou situações de uso, está condenada ao fracasso, pois
as práticas sociais são processos que estão em contínua
transformação, portanto tentar definir o gênero jornalístico, por exemplo, pode
não ser uma tentativa bem sucedida, pois o mesmo comporta vários gêneros, e as condições de produção e circulação afetam o
sentido que os textos provocam.
A leitura do texto jornalístico é muito importante para a
formação do cidadão, para que ele seja capaz de entender, atualizar-se sobre a
realidade social, ajudando na formação de opiniões, desenvolvendo a capacidade
de reflexão, fatores que são essenciais para garantir sua efetiva participação
na sociedade. A importância dada a esse gênero é motivada pela ideia de que os
alunos precisam ler textos mais próximos de sua realidade, mais atuais, tanto com relação ao ponto de vista sobre o
tema quanto ao da linguagem.
A notícia é uma forma de divulgação de um fato importante ou
um acontecimento socialmente relevante que merece publicação numa mídia, para
que todos tomem conhecimento. São fatos culturais, sociais, econômicos, políticos,
naturais e outros. Existem algumas características do texto jornalístico que
podem servir de apoio ao professor para o
trabalho com seus alunos: concretude, expressão das aparências e não da
sugestão, limitação do repertório verbal e redação em terceira pessoa.
Para Lage (2004), a linguagem jornalística também está relacionada
com os registros de linguagem (o formal e o coloquial), o processo de
comunicação (uso quase obrigatório da 3ª pessoa) e compromissos ideológicos
(grandes e pequenas questões da ideologia estão presentes na linguagem
jornalística).
Como já foi dito, a linguagem jornalística está repleta de
ideologias, e sabe-se que a mesma tira a visão crítica dos indivíduos
levando-os a um estado de comodismo e passividade. Com o jornalismo na
televisão, rádio ou internet não é diferente, pois a mesmos às vezes acabam
criando uma geração conformista na sociedade, podendo até mascarar a sua
realidade. Noticia-se um fato de acordo com os interesses do meio de
comunicação em que está sendo divulgando, isso caba influenciando ou até
dominando o pensamento e opiniões de quem não tem senso crítico. Portanto, é
importante desenvolver estratégias que levem a criação de seres críticos, para
que os mesmos não sejam manipulados, podendo enxergam além do que está sendo
falado ou escrito, analisando o que está ideologicamente escondido.
Uma das possibilidades de se trabalhar com o gênero notícia é
fazer a leitura de notícias de jornal ou revistas, com a finalidade de que os
alunos identifiquem o lide e as principais marcas linguísticas do gênero, as
variáveis (enunciativas) dos autores e observar o que está implícito no texto. É
importante que nesse trabalho as notícias selecionadas estejam inseridas no
contexto do aluno, levando em consideração o cotidiano para que seu horizonte
linguístico discursivo possa ir se ampliando.
A construção de um jornal é uma das formas para trabalhar com
o gênero notícia em sala de aula. Deve-se refletir com os alunos sobre as
notícias apresentadas nos telejornais e as notícias escritas em jornais. Como atividade, pode-se pedir para os
alunos recortarem em jornais uma manchete, um editorial, um conselho editorial,
uma notícia, uma entrevista e algo que mais lhes agradem.
É muito interessante também que o professor peça aos alunos para trazerem uma
mesma notícia que tenha sido divulgada em vários meios de comunicação (jornais,
televisão, rádio e internet), depois os mesmos podem analisar como cada veículo
comunicativo abordou a mesma notícia, assim eles perceberão que o texto
jornalístico apresenta suas ideologias e interesses daqueles que o divulgam.
Já que um dos objetivos da escola ensinar ao aluno a
interagir, em diferentes situações sociais, é necessário ampliar seu repertório
linguístico, para que ele tenha condições de organizar seu discurso para
diferentes fins. Nesse aspecto, somente o trabalho com os gêneros poderá garantir
um olhar mais amplo para o uso efetivo da língua. Ao dominar gêneros, também se está agindo politicamente, por esse motivo
a escola deve apresentar e trabalhar, por meio da leitura e da escrita, uma
grande variedade de gêneros para que os alunos sejam capazes de produzir aquilo
que está sendo cobrado pela sociedade. Os gêneros estão presentes na linguagem
do sujeito, fazendo parte de seu cotidiano, por isso é necessário dominá-los.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS:
BANDEIRA,
Edilva. O trabalho com gêneros textuais
no ensino de Língua Portuguesa. Disponível em: <http://profedilvabandeira.blogspot.com.br/2011/12/otrabalho-com-generos-textuais-no.html>.
Acesso em: 27 mar 2012.
BENASSI,
Maria Virginia Brevilheri. O gênero
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Acesso em: 24 mar 2012.
CAREGNATTO, Marione Fátima Picini; COSTA-HÜBES,
Terezinha da Conceição. Uma reflexão
sobre o gênero notícia impressa: Trabalhando com sequência didática a
partir da construção de um modelo didático de gênero. Disponível em: <http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/2002-8.pdf>.
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LAGE, N. Linguagem jornalística. 7 ed. São
Paulo: Editora Ática, 2004.
NIEDZIELUK, Luzinete Carpin. Formas para trabalhar com os gêneros notícia e entrevista em sala de
aula. Disponível em: <http://celsul.org.br/Encontros/05/pdf/119.pdf>.
Acesso em: 24 mar 2012.
ORLANDI, E.
P. Sobre tipologia de discurso. In:
_____. A linguagem e seu funcionamento.
As formas do discurso. Campinas: Pontes, 1987, p. 217-238.
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